
Nos primeiros dez anos, o rei era jovem e optimista e os regulamentos que imaginava para os forasteiros eram singularmente benévolos. Com a idade, à medida que os seus desmandos e abusos aumentavam, o rei ia ficando cada vez mais receoso e ao mesmo tempo mais seriamente convencido que um único forasteiro seria perfeitamente capaz de o destronar. Não estava, evidentemente, preocupado consigo, mas com os efeitos que semelhante tragédia provocaria no seu povo e na sua pátria. Assim, optou por carregar os velhos regulamentos com penas progressivamente mais duras para os forasteiros que invadissem o reino, penas que passaram pela prisão perpétua, mas foram caminhando rapidamente para a morte por fuzilamento, por enforcamento, por injecção letal. Parou aí o rei porque sinceramente não se lembrou o que mais pudesse fazer para punir esses hipotéticos forasteiros, até porque depois da morte pouca coisa havia, lembrou-se mais tarde de outras possibilidade e dedicou-se a antecipar o fim, glosando novas e dolorosas formas de tortura.