
Livro interessantíssimo. Tem frescura, ritmo, uma sequência bem encadeada, coloca questões interessantes e importantes como se nada fosse enão dá muita importância aos fios que deixa por explicar, apenas continua em frente. É muito curiosaa estrutura que criou em termos de cartas e de encaixe de narrações. E, por fim, o mais extraordinário de tudo para uma jovem de 18 anos, a enorme perspicácia pedagógica em relação ao monstro que criou: se me amassem eu seria bom, todos me desprezaram tornei-me mau. Não está mal esta consciência aos 18 anos. Ainda hoje, muitos parecem proceder como se esta máxima pedagógica não fosse real. Talvez o sofrimento que teve na sua vida e os conhecimentos e educação que a família lhe proporcionou tenham ajudado, mas não há dúvida queMaryShelleyteve o mérito de pensar este monstro imortal que vive a tentar entender o que é viver, mostrando o que é sentir-se isolado, perdido, rejeitado.
A história conta-se em poucas palavras.
Frankensteinresolveu criar algo de extraordinário, algo que ninguém havia conseguido: um ser humanoartificial. Criá-lo a partir da regeneração de tecidos e de órgãos de outros seres. Para isso trabalhou, estudou, pensou durante dois longos anos. Até que conseguiu criar a criatura. Só que assim que viu a criatura que tinha criado verificou que ela era tão horrenda que fugiu.
A criatura andou um tempo desesperada, acabando por se refugiar na floresta onde passou um certo observando uma família sem que esta desse por ele. Observando essa família aprendeu a falar, a ler e a escrever. Infelizmente, quando se tentou apresentar a essa família foi escorraçado, tratado como um malfeitor, perseguido. Era um monstro.
Sentindo-se rejeitado por todos, até pelo seu criador, mata o irmão de Frankenstein para que este sinta na pele o sofrimento de se sentir rejeitado por todose o que é não ter ninguém.
Mais tarde, Frankenstein e a sua criatura encontram-se nas montanhas e este pede-lhe que crie uma fêmea para que ele tenha alguém e promete que, em contapartida, viverá com a sua companheira no lugar mais recôndito do mundo, longe da humanidade. Frankenstein aceita, mas depois reconsidera, pensando que desse modo estará a permitir que se crie uma geração de monstros.
Quando o monstro descobre, recomeça a matar todos os que são queridos de Frankenstein. Este acaba por dedicar os seus dias a perseguir o monstro, acabando por morrer num navio quando persegue o monstro em pleno Pólo Norte. Após a sua morte, o Capitão do navio a quem Frankenstein contara a história encontra a criatura dentro da cabine do navio a chorar pela morte do seu criador. O monstro promete continuar para Norte e não voltar mais, deixando a humanidade viver em paz.