
Um livro que retrata a infância, a adolescência e a juventude do jovem Stephen Dedalus. Vai até ao momento da sua partida da Irlanda que representa simbolicamente a sua entrada na vida adulta, a assunção da sua identidade, o corte com as dependências familiares, sociais e culturais, a vivência da sua feroz independência e, presume-se, o início da sua luta pela construção de uma obra literária.
Dá uma visão da Irlanda, das lutas com a Inglaterra, do crescimento do jovem Stephen Dedalus, um alter ego do autor, do colégio, do tipo de educação, das amizades, da passagem da infância para a juventude e da juventude para a idade adulta, os diferentes sentimentos, atitudes e comportamentos. Tem rituais de passagem extraordinários, a boémia na adolescência, o sentimento de culpa, o modo como vê o pecado e a fé, a piedade que o leva a pensar tornar-se sacerdote e, por fim, a sua forma de ser jovem adulto, independente do país, da Igreja, de Deus, dos pais.
É uma obra plural, densa, no entanto, a cor que mais me sugere é uma estranha tonalidade cinzenta, baça, como se toda essa riqueza de escrita se voltasse para dentro, fosse uma espécie de escrita egocêntrica, uma árvores com muitos ramos todos voltados para dentro. Um livro difícil, mas um grande livro.