
Este romance de ficção científica narra uma história insólita à volta da vivissecação de animais que acontece numa ilha remota. O Dr.º Moreau, enxerta partes de animais em outros animais, faz mudanças em termos de cérebro, e, aparentemente, através de muita dor e sofrimento, cria uns estranhos seres com aparência humana, os seres apresentam linguagem e algum raciocínio, no entanto, a sua forma animal continua patente e vai, com o tempo, ganhar terreno à sua parte humana.
É interessante vermos como estes seres observam a Lei de forma absoluta, e como o Doutor Moreau lhes aparece como um Deus. O autor parece fazer corresponder a religião ao exercício de um poder absoluto que subjuga, amedronta e faz obedecer os que não têm poder.
Este livro está escrito de uma forma simples e muito viva, muitos dos problemas apenas são aflorados com simplicidade e elegância, mas estão lá, desde a ética, ou a perda de toda a ética, até à ideia que toma forma no fim do livro de que afinal o animal está bem patente em todos os humanos. A personagem principal, Prendick, ficou tão acostumado a ver a parte animal naquelas pessoas-animais que quando volta à civilização reencontra no ser humano, nos seus actos, pensamentos, acções, comportamentos, olhares, relacionamentos, expressões, apesar das maneiras civilizadas, a besta escondida.
Um livro que se lê com gosto e que não perdeu actualidade.