A palavra vem

outra vez me volto para o corpo

fustigo com desdém a poesia

desligo e deixo falar o animal

que a palavra esconde atrás da maresia


as janelas do mar se abrem por toda a planície

olho por detrás de um quadro de Magritte

e toda a loura sensação de perda me atinge

quando o homem de costas se vai


não há quadros para a loiça de porcelana da palavra

nem touros que se enfiem na agulha da metáfora

estou sozinho sem saber que fazer da minha vida

e os porcos lambuzam-se na dor pública


a porta dos meus sonhos encerrou por dentro

perdi a chave das minhas loucas aventuras 

atravessa-me um risco a laser de desespero

corrói-me a bovina modernidade até ao pelo

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